domingo, 28 de janeiro de 2007

E quanto à Trindade?

Questão: Os cristãos geralmente acreditam na Trindade, um "Deus" que é três pessoas e apenas um Ser supremo. No entanto, a palavra "Trindade" não aparece nem uma vez sequer na Bíblia, que afirma claramente que há apenas um Deus, não três. Como você poderia justificar a crença na "Trindade" fundamentado na Bíblia?

Resposta: Há apenas dois conceitos básicos de Deus: (1) panteísmo/naturalismo — em que o universo é Deus; e (2) sobrenaturalismo — em que Deus ou os deuses existem de forma distinta e separada do universo. Já demonstramos a tolice desse primeiro conceito, o que nos deixa apenas com o último. No sobrenaturalismo há duas visões opostas: (1) politeísmo — em que há muitos deuses (tanto os mórmons quanto os hinduístas são politeístas); e (2) monoteísmo — em que há apenas um Deus. Já demonstramos que o politeísmo também tem falhas desastrosas. O problema básico é a diversidade sem unidade.
Há também duas visões opostas no monoteísmo: (1) a crença de que Deus é um ser unitário, como no islamismo e judaísmo que insistem que Alá ou Jeová é "um", o que significa um ser sozinho. A mesma crença também é defendida pelas seitas pseudocristãs como As Testemunhas de Jeová e Pentecostais Unitarístas, que negam a Trindade e afirmam que Pai, Filho e Espírito Santo são três "títulos" ou "funções" de Deus. Aqui, a falha desastrosa é a unidade sem diversidade.

A Necessidade de Unidade e Diversidade

Está claro que Deus possui tanto a unidade quanto a diversidade. O Alá do Islã, ou o Jeová das testemunhas de Jeová e judeus, ou o Deus dos grupos "cristão" unitarista seriam incompletos em si mesmos. Eles seriam incapazes de amar, ter comunhão ou ami­zade antes de criar outros seres capazes de interagir com eles demonstrando essas qualidades. Por sua própria natureza, a qua­lidade de amar e a capacidade para comunhão e amizade exigem um outro ser pessoal com quem compartilhar. E Deus não poderia compartilhar a si mesmo de forma plena a não ser com um outro ser igual a Ele. A Bíblia diz que "Deus é caridade [amor]" em si mesmo. Isso só poderia ser verdade se Deus mesmo consistisse de uma pluralidade de ser que, embora separados e distintos, fossem um.
Apesar da palavra "Trindade" não ocorrer na Bíblia, o con­ceito é claramente ali expresso. A Bíblia apresenta um Deus que não precisou criar nem um ser para experimentar amor, comu­nhão e amizade. Esse Deus é completo em si mesmo e tem exis­tência própria e eterna em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, individualmente distintos um do outro, mas, ao mesmo tempo, eternamente um. Essas três pessoas já existiam antes mesmo que o universo, os anjos ou o homem fossem criados.
Em contraste, o Deus do islamismo e o Deus do judaísmo contemporâneo não podem ser amor em si mesmos e pois quem poderia amar na solidão antes da criação de ou­tros seres pessoais? Tal deficiência em Deus afetaria o homem, que em todos os aspectos de seu ser foi feito à imagem de Deus.

Pluralidade e Singularidade: ambos se Aplicam

O primeiro versículo da Bíblia apresenta Deus como um ser plural: "No princípio, criou Deus os céus e a terra". Se Deus fosse um personagem unitário, então a palavra singular para Deus, Eloah seria utilizada. No entanto, em vez da forma singular, o plural, Elohim, que literalmente significa Deuses é usada. No en­tanto, o verbo, bara, utilizado com Elohim, está no singular. Esse Substantivo plural (Elohim) é utilizado para se referir a Deus mais de 2.500 vezes no Antigo Testamento e, quase sempre, com o verbo no singular, indicando assim tanto unidade e diversidade quanto singularidade e pluralidade no Deus da Bíblia. Foi Elohim (Deuses) que, nesse primeiro capítulo de Gênesis, disse posterior­mente: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa Semelhança" (v. 26; grifo do autor).
Na sarça ardente, Deus (Elohim — literalmente Deuses) disse a Moisés: "Eu Sou o que Sou" (Êx 3.14). Aqui, Elohim (Deuses) Fala, mas não diz: "Nós somos o que somos". Antes diz: Eu sou o sou. Tampouco a palavra Elohim é a única forma na qual a pluralidade de Deus é apresentada.
Observe, por exemplo, Salmos 149.2: "Alegre-se Israel na­quele que o fez" (em hebraico, "fabricantes"); Eclesiastes 12.1: "Lembra-te do Criador nos dias da tua mocidade" (em hebraico, “criadores”); e em Isaías 54.5: "Porque o teu Criador é o teu marido" (em hebraico, "criadores" e "maridos"). O unitarismo não tem explicação para esta apresentação consistente, ao longo de todo o Antigo Testamento, tanto da unidade quanto da pluralidade de Deus.
Bem no cerne da confissão de Israel, em Deuteronômio 6.4, em que declara: "que Deus é o único SENHOR" (conhecido como shema), essa é a forma plural para Deus (elohenu): "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor" (Shema yisroel adonai elohenu adonai echad). A palavra utilizada para único, echad significa, com freqüência, a unidade de mais de um. Se essa não fosse a intenção, então yachid, que significa o unitário e o um absoluto, seria utilizada. A palavra echad, por exemplo, é utilizada em Gênesis 2.24, em que homem e mulher tornam-se "ambos uma carne"; em Êxodo 36.13 (grifo do autor), quando as várias partes tornam-se "assim, um tabernáculo" (grifo do autor); em 2 Samuel 2.25, quando muitos soldados "fizeram um batalhão" (grifo do autor); e, assim, em vários outros textos.
Isaías, o grande profeta hebreu, declarou a respeito do nasci­mento do Messias: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade..." (Is 9.6; grifo do autor) Esse conceito não é encontrado em nenhuma outra literatura de outras religiões mundiais, mas é exclusivo da Bíblia: Um filho nasceria neste mundo, e apesar de ser homem, seria o Deus Forte. Embora fosse Filho, Ele seria ao mesmo tempo o Pai da Eternidade.
Isaías apresenta claramente a deidade de Cristo, a paternidade de Deus e a unidade do Pai e do Filho. Todas as três pessoas da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) são claramente vistas no seguinte texto: "... desde o princípio [...] eu estava ali; e, agora, o Senhor Jeová me enviou o seu Espírito" (Is 48.16). Só poderia ser Deus quem está falando, esse único que existe desde o prin­cípio; no entanto, Ele diz que foi enviado por Deus e por seu Espírito. Na Trindade, duas pessoas são invisíveis (Deus Pai e o Espírito de Deus) ao passo que uma é visível, o Filho de Deus que se tornou homem.

Algumas Analogias Úteis

Como podemos entender completamente este conceito das três pessoas, em que cada uma é separada e distinta (o Pai não é o Filho, e o Filho não é o Espírito Santo), mas que são um Deus? É impossível compreender isso. Os críticos argumentam que como a Trindade não pode ser completamente explicada pela razão hu­mana, não pode, portanto, ser verdadeira. No entanto, quem poderia explicar totalmente Deus mesmo se Ele fosse apenas uma entidade unitária? Ninguém. Não conseguimos sequer explicar a alma e o espírito humanos, muito menos o Espírito de Deus, embora todos esses termos sejam usados repetidamente na Bíblia.
Entretanto, podemos ver analogias à Trindade em todos os lugares. O universo é composto de três elementos: espaço, tempo e matéria. Os primeiros dois são invisíveis mas a matéria é visível.
Cada um desses três é dividido em três: comprimento, largura e altura; passado, presente e futuro; energia, movimento e fenômeno. Comprimento, largura e altura são separados e distintos um do outro, portanto, são um, pois cada um é o todo. O compri­mento contém todo o espaço, assim como a largura e a altura. O mesmo acontece com o tempo: passado, presente e futuro são distintos um do outro e, portanto, cada um é o todo. E aqui mais uma vez, dois deles (passado e futuro) são invisíveis, ao passo que o presente é visível.
O homem, que foi feito "à imagem de Deus" (Gn 1.27; 9.6; etc.) é formado de três elementos: corpo, alma e espírito, dos quais, mais uma vez, dois (alma e espírito) são invisíveis, e um, o corpo, é visível. A forma como o homem funciona como um ser também reflete a mesma analogia da Trindade. Concebemos algo em nos­sa mente (invisível), talvez um poema ou uma sinfonia; expres­samos isso por meio da fala, ou da escrita, ou da música e isso passa a fazer parte do presente, o mundo visível; depois é apreciada pela emoção, também, mais uma vez, invisível. Poderemos oferecer algumas analogias, mas essas devem ser suficientes. Não há dúvida de que a Bíblia apresenta claramente três pessoas distintas, e cada uma delas é Deus. Ao mesmo tempo, a afirmação clara de que há apenas um único e verdadeiro Deus é apresentada repetidamente para nós. Cristo ora ao Pai. Ele está orando para si mesmo? A Bíblia nos diz: "O Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo" (1 Jo 4.14). Ele enviou a si mesmo? Ou será que algum "poder" orou por um "título" e o enviou, como a Igreja Pentecostal Unitária quer nos fazer crer?
Cristo disse: "As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo [de minha própria iniciativa], mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras" (Jo 14.10); "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, [...] o Espírito da verdade" (Jo 14.16,17). Em todo o Novo Testamento, Pai, Filho e Espírito Santo são honrados separadamente e agem como Deus, mas apenas em concordância um com o outro.
Autor: Dave Hunt, em sua obra “Em defesa da fé cristã”.

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